23.1.10

Sobre trabalho e etc

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Trabalho numa loja de brinquedos desde o começo de dezembro. Dezembro foi uma correria - mês de natal, meia hora de almoço, nenhum dia de folga e jornada de 12 horas. Não reclamei (demais.) Voltei em janeiro, sossegado - mês de férias, uma hora de almoço, folga aos domingos e jornada de 8 horas.
... Mas, desde o retorno (de Jedi), não tem um dia que eu não sinta um pouquinho de vontade de pedir demissão. Não é porque a loja não tem gerente e tudo o que acontece tem que passar pelo dono, nem porque não tem nada pra fazer o dia inteiro e ele fica mudando as coisas de lugar, nem porque o chefinho sempre chama minha atenção quando eu erro alguma coisa por desatenção. Não é porque eu tenho que escolher entre levar meu próprio papel higiênico ou balançar até secar; nem porque, de vez em quando, eu saio pra almoçar às 17h30; ou porque eu raramente saio no horário do contrato que eu não assinei. O problema não é o que acontece, mas como acontece. É a gente se desdobrar em três e ter que ouvir que faz tudo errado sempre. É porque, quando eu digo A, o cara entende B e diz que eu falei besteira. Porque eu tenho que organizar uma zona de 1500 miniaturas dos Simpsons de acordo com suas respectivas temporadas, e ainda vem ele e desce a lenha em mim porque eu pergunto duas vezes o que exatamente é pra fazer. (Simplesmente não parecia verdade.) É porque ele pede pra gente começar a etiquetar mais de 200 produtos bem na hora do almoço e diz que ninguém vai ser liberado até terminar tudo. Porque nada lá dentro pode acontecer sem a vistoria dele, uma vez que ele não confia em ninguém. Tanto não confia, que, quando não tá na nossa orelha achando que a gente tá fazendo tudo errado, tá no escritório dele assistindo o que a gente faz pelas 17 câmeras que tem instaladas pela loja.

... Entendeu?