16.11.09

Breve divagação sobre crianças, sinceridade e códigos morais

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Não gosto de criança falsa, artificial ou precoce. Tipo aquela Maísa lá do Sílvio Santos, Bom Dia & Cia, sei lá o que mais, que acha que é gente grande. A menina fala como a Eliana, se mexe como a Eliana, apresenta o programa que a Eliana costumava apresentar, é falsa como a Eliana e chama a mãe do Sílvio Santos de vaca como se soubesse do que tá falando. Ela tem 6 anos de idade, sabe. Depois, vai lá no programa dele, fica chorando (porque ele é o Sílvio Santos, que se alimenta da desgraça alheia) e todo o mundo acha bizarro, como se a menina não chorasse nunca na vida. Aos 6 anos eu chorava por tudo, era só falar grosso comigo ou segurar forte no meu braço.
Pra mim, a graça de uma criança é que, quando ela ainda não se corrompeu querendo ser seu ídolo em tempo integral ou achando que é gente grande, ela é sincera. Sincera porque não tem noção de todos os códigos sociais e morais que existem e que impedem as pessoas de serem sinceras umas com as outras. Me achavam uma criança fresca porque quando me perguntavam se eu gostava da comida que me ofereciam (e em geral perguntavam pra, tipo, lasanha de repolho), eu respondia um 'não' sem pudor. Quem pergunta o que quer, ouve o que não quer. Não é mesmo? Mais errado ainda era perguntar: "Esse macarrão tá igual ao da Tia?" (Tia é a empregada que trabalha aqui em casa desde a idade a pedra. Pra mim, só existia a comida da Tia. O resto era bosta.) "Não". A comida da Tia é a comida da Tia, caraio. Se você não chama Tia, não aprendeu a cozinhar com a Tia nem teve a ajuda dela, sua comida não vai ser igual à dela. ué. E qual é o problema de responder que não? É falta de educação? É deselegante?
Amada por todos ou não, eu era uma criança sincera. E continuo sendo uma pessoa relativamente sincera, mas não tanto uma criança que ainda não discerne "resposta verdadeira" de "resposta conveniente e que deve ser dada". Hoje é assim: "tá meio salgada essa carne mas esse feijão, hmmn... tá uma delícia, viu."

18.10.09

Sobre futebol e esse tipo de coisa

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Eu gosto tanto de futebol que às vezes até esqueço. Sabe, quando alguma coisa te faz tão feliz e você só lembra quando tá fazendo essa coisa? Sexta feira fui assistir o jogo do Santos feminino. A Marta e a Cristiane, mais especificamente. Além delas jogarem muito e de entender POR QUE a Marta é a melhor do mundo, só de entrar no estádio eu já fiquei feliz.
A diferença entre a tv e o estádio é tão brutal que até quem não gosta de futebol deve conseguir se entreter no estádio. É, de fato, um espetáculo. Tipo... tourada. Show de banda. Apresentação de circo, de dança, de tudo. Falei em tourada não por achar dahora ver o touro morrendo espetado lá no meio, mas por ser desse jeito meio coliseu de arquibancadas em torno dum picadeiro (ou qualquer outro nome variante disso, mas com semelhante função), onde a coisa acontece.
O estádio é tão imenso que te engole. Na hora de gritar olé, todo o mundo grita; na hora de gritar gol, todo o mundo grita, e na hora de gritar juíza de filha da puta por ter expulsado a Cristiane, todo o mundo grita.



Quanto à prática do futebol (e ao jogo que tive hoje), é tão bom ganhar que, quando meu time ganha, a vida ganha um novo sentido. (Favor interpretar devidamente cada afirmação repleta de encanto, bem como esta última.)

9.10.09

Misscomunication

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Uma vez, provavelmente depois de uma discussão, minha mãe me disse: "fale o óbvio." Eu poderia trocar minha mãe por alguém, pra dar um tom mais sério ao post, mas assim é pra vocês aprenderem que mãe também é pra ser levada a sério. (Morram tentando entender a ironia verdadeira.)
Ela me disse pra aprender a falar o óbvio, porque a gente sempre pensa que o outro sabe do que a gente tá falando e se irrita quando ele entende tudo errado. Morro de preguiça de contextualizar o meu pensamento. Além do mais, sempre penso que soo redundante repetindo o que o meu cérebro já cansou de saber. Mas meu ponto, agora, é que, às vezes, a prolixidade se faz necessária. Não precisa ser como minha mãe, que é como minha vó, que conta a história da vida de uma pessoa pra depois contar alguma coisa que ela fez. Mas um pouco além do curto e grosso vai bem. Pode ser curto, grosso e claro. Contanto que dê pra entender. Entendeu?
Isso vale pra tudo na vida. Vale, inclusive, pra aula que eu vou dar agora. Dou uma aula inteira sentindo que falo só óbvias e desnecessárias. Lucky me, quem tá do outro lado ainda não concorda.

8.10.09

Seleção

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Acho engraçado o quão seletivos em relação a amizades somos nós. Não é nada consciente (ou não deveria ser), mas se eu fosse classificar meus amigos usando o mesmo método que a fonologia usa pra classificar fonemas, tipo [±consonantal] (significando é/não é consonantal), (só que com, por exemplo, "ranheta" ao invés de termos fonológicos), eles teriam muitos traços em comum.

... Constatações idiotas geralmente vêm de pessoas idiotas. Agora fiquei com preguiça de desenvolver isso.

25.9.09

Bola de Sebo

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"Os habitantes, nos seus quartos escurecidos, sentiam o desespero que os cataclismos provocam, os grandes abalos destruidores da terra, contra os quais toda sabedoria e toda força são inúteis. A mesma sensação ressurge cada vez que se subverte a ordem estabelecida das coisas, quando a segurança não mais existe, quando tudo quanto protegiam as leis dos homens ou as da natureza se acha à mercê de uma brutalidade inconsciente e feroz. O tremor da terra, que esmaga sob as casas desmoronadas um povo inteiro; o rio transbordante, que carrega os camponeses de permeio com os cadáveres dos bois e os caibros arrancados dos telhados; ou o exército glorioso, trucidando os que se defendem, fazendo os outros prisioneiros, pilh..."

Uma freada brusca, uma mulher grita, as pessoas dentro do ônibus lutam contra a inércia, minha perna cruzada e minha mão me impedem de bater os dentes no banco da frente. Sobe a adrenalina, a garganta seca e as pupilas se dilatam. A cabeça mulher da Filosofia aparece no meio do bolo de gente que se formou no corredor do ônibus. A porta da frente se abre, uma mulher de meia-idade entra vagarosamente, apoiada no CET. É a pressa, ela diz. A outra, atrás do ônibus, responde pra quem quer ouvir, que é a pressa, mas morre atropelada. Os passageiros são obrigados a deixar o ônibus pra mulher ser atendida, e saem resmungando, putos porque a atropelada lhes atrasou o dia.

13.9.09

Rush

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Pressa pra quê, né? I mean, você acha mesmo que me estressar vai me fazer chegar mais rápido? Porque não vai. Se houvesse teletransporte, talvez. Mas quando não depende de mim, pra que me irritar mais?
Por que as pessoas sentem necessidade de descontar o mal do mundo umas nas outras, ao invés de, sei lá, correr no parque pra ver se passa? Vai jogar videogame. Vê um filme idiota. Entra no boxe, se vira.

8.9.09

Ah, gracinha

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Ando tão sem graça ultimamente. Deve ter sido a volta às aulas, essa coisa toda de acordar cedo realmente não é comigo e tira toda a vida que existe no meu dia. Sabe, vida? Pressupõe movimento, emoção, cor, esse tipo de coisa. Eu não ando, me arrasto. Os dias de sono são cinzentos. E até as nove da manhã o único sentimento que eu tenho é saudade da minha cama.

28.8.09

Coisa de corno

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Lendo o blog da Kelly hoje me lembrou de algo que se sucedeu comigo no começo do ano e sobre o qual eu tenho algumas considerações a fazer. Mas antes a Kelly:


o que fazer quando uma pessoa da SUA equipe diz pra outra pessoa da SUA equipe que VOCÊ é falsa?

a) pede carinhosamente pra ela fazer algo que ela detestaria.
b) ignora, afinal você é [a] superior dela e a isso tudo.
c) assume que você é falsa mesmo, que não gosta dela mesmo e a vida é assim mesmo?


Eu, que tenho muito amor no coração, racionalmente escolheria a primeira opção. (O que significa que, na hora, não faria nada, porque sou bunda mole.)

Isso me remete a uma situação que ocorreu comigo quando trabalhei árduas duas semanas numa locadora e, antes de ser mandada embora (ou pedir demissão forçadamente, há contradições nessa história) o gerente me chamou de canto e pediu gentilmente para que eu procurasse nos documentários "trechos de índios fazendo artesanato, de preferência tranças, com capim dourado." ... E foi nesse momento que eu saquei que no dia seguinte não precisaria mais pisar lá. Ok, posso ir embora ao invés disso? teria sido uma resposta agradável pra minha gastrite. Peguei um punhado de dvds e fui brincar no fundo da loja de acelerar e voltar dvds até que me mandassem fazer outra coisa, ou simplesmente embora.
Agora, me digam: não é coisa de corno fazer isso com alguém? Acredito que a intenção dele tenha sido mesmo ver minha reação, porque era de se esperar que eu não encontrasse nada do gênero. Sabem o que é capim dourado? Minha mãe tem um brinco de capim dourado, é parecido com aquelas esteirinhas trançadas que se usa como suporte de travessas pra não estragar a mesa.

Voltando à Kelly, o que vocês fariam no lugar dela?



Guia prático de artesanato com capim dourado
As instruções são que nem em livro de receitas secretas:
você pode até seguir ao pé da letra, mas elas sempre pulam o essencial



Recomendo

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Não costumo fazer esse tipo de coisa, mas li e recomendo:


(Só achei meio burro o comentário da maioria das pessoas, que tipo que não tem senso de humor.)

25.8.09

Sobre aventais

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Gente, qual é a dessa galera de hospital, laboratório etc que anda de avental em todos os lugares do mundo? Isso é ruim, gripe suína é boa. Os caras passam o dia inteiro usando um jalequinho num lugar cheio de gente doente gripada tuberculosa virótica bacteriótica, saem pra almoçar com este mesmo jalequinho (quando não com o oscultador pendurado no pescoço), voltam pro trabalhoe acham que tá tudo bem. Aí, no dia seguinte, (já de jaleco) pegam ônibus, metrô e andam um pouquinho, esbarram nuns postes por aí, chegam no trabalho e continuam espalhando e eliminando as doenças do mundo, concomitantemente. Vou começar uma campanha: DIGA NÃO AO AVENTAL FORA DO HOSPITAL!


Esse é o tipo de pessoa que, quando cruza comigo, eu faço o possível pra não encostar.

21.8.09

Template

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Não consigo ajustar esse template desse porra desse blog. Grr.
Não é pros comentários ficarem em cima, ok?

Stress

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Gente, de onde veio esse começo de úlcera? Stress deve ser um processo tão traumático pra mim que eu quase não me lembro das coisas que fizeram meu estômago ser corroído. (E meu esôfago, o começo de úlcera é nele.) Éca.

17.8.09

Lotofácil

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Joguei hoje, resultado sai hoje. É hoje que eu fico rica, tô sentindo. Três milhões e meio. (Lembrem-se do dinheiro que o Maluf desviou nessa terra de Jesus: é um cem avos disso.)
Pensei que devo parar de dizer que vou ganhar na loteria, porque quando eu ganhar de verdade não vou poder escrever nem falar nada a respeito pra ninguém, vai ser as smart as sair por aí dizendo "Aê, galera, tô rica! Tenho 15 milhões em dinheiro aqui em casa, o endereço é...". Né? Então vou parar de falar de loteria e de como eu desejo que brote dinheiro aos meus pés, porque, quando brotar, nem minha mãe vai ficar sabendo. Ela só vai acordar com uma maleta de dinheiro do lado da cama, mas vai ficar tão feliz que nem vai perguntar pra ninguém de onde veio.

15.8.09

Rodízio

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Rodízio de comida japonesa é pra comer até cansar, estufar, esperar ficar bem e comer de novo. Voltei pra casa me sentindo um jacaré pançudo, se deitasse de barriga pra baixo não alcançaria o chão nem fodêno. Mas estamos aí.
A espera é uma coisa ingrata. Quedê minha carona? Ao mesmo tempo é bom, assim posso ficar aqui escrevendo besteiras até ela chegar, e ainda xingar putaqueopariu, cadê minha chave? quando o telefone tocar pra eu descer. Aí desligo o computador, me olho no espelho de novo, retoco o lápis e desço correndo e me ajeitando até chegar no portão do prédio, pra daí entrar no carro e pedir desculpas pela demora. Enquanto isso, fico aqui cantando com o youtube. Cacete, como minha casa é fria. Minhas extremidades congelam. Deve ser por isso que tenho tido vontade de sair de casa.
Hmmn, tá dando fome de novo. Tchau, preciso do vagalume pra me ajudar a cantar com o youtube. Não sei a letra da música.

13.8.09

Revolta

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Por que TODAS as minhas ideias sempre têm que ser limitadas por um fator chamado DINHEIRO? E, se eu não nasci pra ser pobre, por que deus ainda insiste nisso?

12.8.09

Sobre a gripe

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Viu? Foi só me cuidar bem que passou, no dia seguinte eu já tava boa e bela. Nada que um pouco exercício físico, dormir tarde, acordar cedo, mais exercício físico e dormir tarde de novo não resolvessem.

8.8.09

But the name of this thing is not love...

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Às vezes, fico imaginando como seria namorar outras pessoas ao invés da Amanda. Imaginando não significa, de maneira alguma, desejando. (Penso ser natural do ser humano imaginar coisas sempre, e quem nega isso eu chamo de hipócrita.) E, nessa minha relação imaginária, eu sou uma pessoa muito mais calma, mais racional, menos desesperada. Pensando bem, achei engraçado, e, continuando dentro da minha cabeça mais um pouco, fez o ktchin e a ficha caiu me dizendo que, hello-oh, na minha imaginação eu sou sempre infalível. Depois caiu mais um pouco e percebi que, bom, se algumas vezes eu me sinto uma pessoa desesperada, maluca e frágil é porque, além do nome dessa coisa ser amor, é paixão também. Culpo a paixão quando sinto medo, e culpo também quando percebo que tô cantando sozinha no meio da rua - é, isso acontece. Baixinho, mas acontece.
Hoje a Amanda foi pra Botucatur, eu pro society (poderia ser o nome de uma balada, Polý, mas é só um tipo de futebol), e lá algumas pessoas disseram que eu tava meio pálida, desanimada, falando pouco etc. Respondi que era cansaço, ou alguma desculpa desse tipo que costuma colar, mas quando me sugeriram ser a ausência da Amanda fui mais condescendente.

... Seja como for, esse post foi pra dizer que te amo até aquele ônibus que acabou de passar.


Quanto ao título, sugiro que baixem The Name Of This Thing Is Not Love, do Elvis Costello. Não consegui encontrar nenhum vídeo no Youtube. Recomendo também I Want You, dele com a Fiona Apple.

7.8.09

Gripe porcina

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Acordei com todos os músculos doendo e achei que fosse consequência do treino de ontem. Aí minha garganta começou a doer. E a corisa chegou. Puãtz, peguei a gripe do porco. "Gripe A", pra quem quiser suavizar. Eu bem sabia que entrar no ônibus era perigoso. O povo todo comenta que é só um tossir pra todo o mundo pegar, e comigo não seria diferente. Tosse alguém lá na frente e até o fundo prende a respiração, pensando "vem, vento, vem.". Falei com minhas amigas e elas já disseram que não vão encostar em mim até isso passar. Certas elas, né? Tem um monte de gente morrendo por aí.

Agora sem ironias: detesto essas paranoias. É só uma porra duma gripe, tem que ser do porco? De qualquer forma, como todo o mundo tá na noia, fui ver os sintomas pra poder dizer "não é nada, sossega", o que não vai acontecer, porque os sintomas da gripe normal e da suína são os mesmos. Então... tenho de 24 a 48h pra desenvolver todos os sintomas de:

1) dores no corpo, principalmente articulações (ok)
2) febre alta, acima de 39º
3) falta de apetite
4) tosse

Como NÃO É a gripe do porco, vou abraçar todo o mundo até passar só pra espalhar o terror. Ah, caso alguém ainda aguente esse assunto, recomendo esse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=CcgCBiyGljM

Porquice

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Pensei em postar as fotos mais nojentas da minha endoscopia, mas mudei de ideia. Ah,o resultado:


ESOFAGITE EROSIVA DISTAL (GRAU I DE SAVARY-MILLER)
GASTRITE HIPERÊMICA DISCRETA DE ANTRO
REALIZADO TESTE DA UREASE PARA PESQUISA DE H. PYLORI: NEGATIVO


H. Pylori! Experimentem repetir isso o dia inteiro. (Tem que ler "agá pilóri".)





Problemas com a formatação do blog. Ele simplesmente não atende às minhas ordens e muda o tipo e o tamanho da letra.

E...

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Pof pof pof. Pipocos vindo da cozinha. Cheiro ruim. "Vocês tiraram o croissant do forninho?"




Tava meio que em flamas quando eu cheguei lá. O pior é que não chegou a ficar nem cinco minutos. Forninho elétrico sem timer: a arma do século.

4.8.09

Sobre estranhos que leem blogs desconhecidos

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Sempre me pergunto quantas pessoas realmente se lembram do meu blog quando não têm nada pra fazer na internet. No começo eu imaginava que o contador do blog só andava porque a Amanda daria F5 o dia inteiro pra eu ficar feliz com o aumento do número de visitas, e por causa das minhas próprias. Acontece que o contador continuou a andar também nos dias que nós não entrávamos na internet também, comprovando que 1) a Amanda não montou o show de Thruman pra mim; 2) além dos leitores já conhecidos, eu tenho também os desconhecidos. E...
Sempre me pergunto quem são os leitores desconhecidos do meu blog. Se são completamente desconhecidos, se são amigos de amigos, se são amigos de amigos de amigos de amigos que eu nunca vou saber de onde vêm, se são amigos meus que nunca me contaram que me leem ou se são parentes que procuraram meu nome no Google e caíram aqui. (Já aconteceu. Hi family, I'm gay.) Eu sei que tem gente de Itajaí que lê ou que um dia leu, e gentes de Blumenau que leem também.
Sugiro que vocês saiam do armário. Deixar um comentário assinado por Leitor 1, Leitor 1+n etc, dizendo "Você não me conhece, sou de tal lugar.", ou "Você me conhece da Letras.", ou "Sou seu parente, mas não quero dizer meu nome.". A troco de quê? Sei lá, da minha gratidão. Do meu amor. Eu tô com gastrite, vocês não vão querer agravá-la fazendo minha ansiedade aumentar.
Ah, também aceito e-mails anônimos de conteúdo crítico-analítico-destrutivo. Foi o que fizeram com a Melody.

Tô muito atrasada pro treino. MUITO!

3.8.09

Em proporções Mega-Sênicas

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Ouvi agora pouco no SPTV, o flash news da Globo, que a Justiça sei lá qual (sou péssima pra termos jurídicos) vai entrar com uma procuração contra a família Maluf — Paulo Maluf, mulher, os quatro filhos e a ex-nora — para que seja devolvida a parte do dinheiro que conseguiram comprovar que ele desviou, ou seja, uns 350 milhões. Não consegui encontrar nenhuma matéria escrita que falasse disso, portanto não sei o valor exato.
Trezentos e cinquenta milhões. A próxima Mega-Sena tá estimada em 35 milhões. Dá pra montar dez jogos de Mega-Sena acumulados com esses 350 milhões. Se eu fosse uma das 102 pessoas que quinaram na rodada passada, teria levado 26 mil reais e uns quebrados, e, se eu for uma das pessoas que vai quinar no concurso seguinte, posso levar até 35 mil, e ainda assim vou ficar muito feliz. Vai dar pra tirar a mãe da forca, agradar a irmã e a tia, renovar o armário, fazer uma tatuagem nova, levar a namorada pra Europa por uns dois meses e ainda guardar alguma coisa na poupança. Aí me faz pensar: puãtz, como eu sou pobre... O cara rouba mais de 350 milhões dos cofres públicos e eu ficaria felissima com um dez mil avos disso aí.

31.7.09

Endoscopia

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Tava com medinho, deitei na maca, o médico começou a me fazer perguntas, fui respondendo, a enfermeira espetou uma agulha no meu braço, doeu, me embaralhei nas respostas logo em seguida, percebi, não falei o que queria e me enrolei no que dizia, o médico levantou da cadeira e ficou em pé ao meu lado. Falaram alguma coisa, me levantaram da maca (devia ser a mesma enfermeira), saí andando não sei praonde com o corpo pesado, vou jogar meu peso na enfermeira. Aparece uma coisa vermelha e fala alguma coisa, se curva, é a Amanda, fico feliz, lembro que ela tava de suéter vermelho, luto contra o sono e a leseira, penso que provo estar bem por conseguir conversar, ela tenta ler um livro, aparece minha mãe, fala alguma coisa sobre ser desnaturada e chegar tarde. "Quem me cobriu com meu casaco?", ouço o cara do quarto ao lado dizer que tem festa à noite e alguma coisa sobre beber, minha mãe começa a falar qualquer coisa, vou dormir, dormi, acordei. "Tô com sede", alguém ronca no outro quarto, falo mais um pouco, alguém diz pra gente ir comer, "acho que ainda não tô bem", levanto, mais um rolê e a gente consegue sair da clínica.
Depois elas me disseram que eu não parava de falar, que não queria dormir, que perguntei um monte de vezes quem tinha me coberto com o casaco e que queria água. A Amanda disse que quando chegou no quarto eu tava lutando pra ficar de olhos abertos e meio bamba na cadeira. (A imitação me fez sentir um pouco de vergonha porque, pensando agora, eu devia estar bem débil.) Minha mãe falou que, se dependesse de mim, ficaríamos lá mais umas duas horas, até eu parar de falar e e começar a dormir. Lembrando agora, acho graça quando pensei "vou jogar meu peso na enfermeira". Na hora acreditei piamente estar sacaneando a mulher, mas agora duvido muito que eu fosse capaz de andar mais por minhas pernas, menos pelas dela.

30.7.09

Sobre a minha impressão (do mundo):

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As gerações mais antigas de seres humanos tendem a criticar as gerações posteriores a eles. É difícil criticar quem nos precede, a gente sempre tem a impressão de que não sabe tanto quanto eles. Mas alguma coisa dá pra criticar. Por exemplo, no que diz respeito a... mudanças. As pessoas mudam. Não dá pra esperar que minha irmã de quatro anos seja igual a mim daqui a quinze, porque ela simplesmente não vai ser. Ela nasceu com um computador dentro de casa e internet. Ela já nasceu com cd, dvd, mp3 e câmera digital. Não dá pra esperar que ela, daqui a quinze anos, funcione igual a mim hoje. Bem como não dá pra esperar que eu seja igual a alguém dez anos mais velho do que eu em termos de, digamos, tecnologia. Ou que eu goste mais do Jaspion Changeman do que do Power Rangers. Eu sei que Power Rangers é a cópia do Jaspion Changeman, mas, pra mim Jaspion e Changeman sempre serão toscos.

Sabe quando você quer falar mal de uma coisa, mas não quer usar nomes? En-tão.



Jaspion: acho tosco e pronto.



Changeman: consegue ser mais tosco que Power Rangers.



E tinha o bonequinho do vermelho. (Era de chumbo, ferro, sei lá.)

Confesso que tive que editar o post porque confundi Jaspion com Changeman. É tudo farinha do mesmo saco, não é?

27.7.09

Sobre escrever um livro:

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Antes que eu escreva... Alguém quer me publicar?

E sobre o livro em si:


Na verdade, são dois. Um deles não tem roteiro, mas já tem coisas escritas. Personagens aleatórias que se intercruzam durante o livro.
O outro, sobre uma menina que tá brincando de polícia e ladrão no sítio quando percebe que ficou presa num aposento subterrâneo dentro da tulha (esse link é pra você, urbanóide que não sabe que tulha chama tulha). Por que caralhos tinha um aposento subterrâneo numa tulha não se sabe. Mas tinha, e, ainda que alguém a alimente naquele lugar, ela precisa sair.

Quem vai ler?

Crise do momento

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Quero ser rica pra não ter que estudar pra tentar conseguir algum trabalho que me explore um pouco menos do que esses não-qualificados. Na verdade, quero só não ter que estudar. Letras é muito chato, pelo amor de deus. Mas dizem que o primeiro ano é o pior, né? Então vamos passar do primeiro ano.
Tenho medo de ser uma dessas pessoas que nunca tá feliz com nada. Deve ser um saco pra quem tá perto de mim ouvir minhas crises o tempo todo. Mas - gosh, Letras é muito chato. Discordo de todos os textos de Literários que teorizam o que se passava pela cabeça de um poeta enquanto ele escrevia o poema ou sobre o que se faz com que o poeta escreva poeticamente, sei lá. Me acabei nas aulas de Introdução aos Estudos da Língua Portuguesa, que na verdade era Filologia Românica, e aqueles textos sobre o Latim Vulgar, o Latim Clássico e o cacete a quatro. Não entendo uma pica dos textos de Jakobson ou de Chomsky. E Clássicos? Ah, Clássicos é legal, mas não tem como ficar acordada a aula inteira.
Não consigo sentar pra ler um texto teórico sem ficar puta da vida. Injuriada mesmo. Existem dois tipos de gente: as que fazem e as que estudam. Não que as pessoas que estudam não sejam capazes de fazer, ou que as que fazem não sejam capazes de estudar, mas existe uma preferência por uma das duas tarefas. Eu gosto de saber, não de estudar. Estudar me mata. Estudar faz mal pra minha cabeça, pro meu coração e pra minha alma. Será que eu preciso mudar de faculdade? Hahahah...

21.7.09

Queria

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Escrever alguma coisa engraçada aqui, o problema é que não tem graça alguma acordar às seis da manhã.

Sabe o que é engraçado? A propaganda da Polishop de uma vassoura com um sistema parecido com essas vassourinhas bonitinhas de limpar mesa (só que do tamanho duma vassoura normal e com bateria recarregável de tomada), dizendo "Cabo flexível! Não precisa abaixar nem se curvar pra limpar!", e a mulher da propaganda toda torta pra conseguir alcançar lááá embaixo da mesa. Custa só um rim de trezentos e cinquenta e nove reais e oitenta e oito centavos.



Vassourinha mágica de limpar mesa


Vassoura mágica da Polishop


Como a internet é uma fonte de diversão, na busca pela imagem perfeita de uma vassourinha de limpar mesa eu me deparei com:

1. Uma vassoura mágica "Pentagrama" pra vender, cuja imagem eu não consegui colocar aqui nem por um caralho. É a vassoura decorada mais escrota que eu já vi e ainda tão querendo cobrar dezoito reais por ela. ha-ha

2. Amanda, a vassoura mágica. O que faz criar uma vassoura mágica, chamá-la de Amanda e lançar um livro, pelamordedeus? Chamar a filha de Amanda passa, a minha namorada passa, a uva também passa, até a banana passa, mas a vassoura não.







Sai que é zica

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Tá doendo o canto da minha boca e eu desconfio seriamente que seja a herpes querendo voltar. Sai, zica, sai.

Reposição

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É para os fracos.

Eu quero aula de verdade!

18.7.09

Closer

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Eu sou tããão feliz quando revejo filmes ou releio livros que me marcaram. Pensando agora em Closer, que tá passando na AXN. Assisti ontem Harry Potter (o primeiro e o segundo) pra conseguir fazer a Amanda ir comigo no sexto, que tá em cartaz agora, e fiquei tão... feliz assistindo. Feliz feliz feliz.

Recordar é viver. (Todo o professor adora falar isso, de preferência por sadismo.)

Tchau, preciso sair. Sinuquinha. Vou me atrasar, as always.

16.7.09

Puatz

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Sou obrigada a escrever um post de emergência corrigindo o anterior, sobre aquela que costumava ser minha amiga de Itajaí, e dizer que o buraco é mais embaixo e eu esqueci. A verdade é que, em janeiro de 2007, aquela que costumava ser namorada daquela que costumava ser minha amiga de Itajaí deu uma presepada de bêbado... e o outro elemento presepante fui eu.
Um tempo depois, a ex veio morar em São Paulo, virou minha amiga (e só amiga)... mas depois de um tempo deu uma sumida do meu mundo. Sei lá, as pessoas às vezes dão uns perdidos na gente. Aí eu fiz o favor de apagá-la da minha memória. E aparentemente tudo o que vinha com ela. Fim de história. Freud ia gostar de explicar essa.

Mas continuo achando que essa coisa de desenterrar o que a gente fez há mais de dois anos é esquisita.

15.7.09

Pretérito Imperfeito

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Ontem uma amiga minha de Itajaí (sim, uma das cidades que alagaram ano passado), ou uma pessoa que costumava ser minha amiga de Itajaí me mandou um scrap no Orkut dizendo "vai lá ver meu álbum, tem uma foto muito especial!".
Antes de contar a continuação da história, sou obrigada a avisar que esse post vai ser estilo querido diário e dar um flashback lá em 2005, quando eu fiquei pela primeira vez com uma menina (essa que costumava ser minha amiga de Itajaí). Foi legal e tal, mas dois meses depois, quando eu voltei pra lá basicamente por causa dela, nos encontramos na casa de uma amiga (com pessoas que nem de longe repreenderiam o nosso relacionamento) e tomei umas 13,23 esnobadas num período de 31,17 minutos e concluí que, nada mais óbvio, ela não queria mais nada comigo. E assim, no dia seguinte, passei o rodo na amiga dela, na ausência da própria.
Muito embora eu sinta vontade de citar nomes e linkar direto nessas pessoas, não irei. Primeiro porque sou muito ética, segundo porque Itajaí é um ovo e todo o mundo tem medo de sair do armário até no blog da amiga de São Paulo que ninguém lê, terceiro porque eu não sou a Dirce.
Voltando pra 2009, vou eu ver o álbum daquela que costumava ser minha amiga de Itajaí e me encontro numa foto de 2007, segundo meus cálculos, com uns 10 quilos a mais, uma bermuda moleque, meu cabelo enrolado e curto do jeito que eu não gosto e um óculos maior que eu da época que eu caía no conto do vigário da Chilli Beans e a legenda "ela traiu minha confiança, mas eu já esqueci. hehe".

Disso se conclui que:
1) Acabei com a vida de alguém em 2005.
2) Ninguém me contou.
3) É claro que ela não esqueceu.

Moral da história: não sei. Só sei que por essa eu não esperava.

Acho que se algum dia ela ler isso daqui eu perdi de vez uma amiga de Itajaí, mas o que eu tenho a dizer em minha defesa é que podia ter demorado menos do que quatro anos pra dizer, né. Sem contar os meios.

REM

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Odeio Losing My Religion. Me faz lembrar de 2006, quando eu tava doente e um cara que eu tinha conhecido numa festa ficava me ligando pra sair e eu dizia tipo "Gato, não vai dar. Tô cuspindo meu pulmão aqui e você quer que eu vá pra balada?". Meu celular era novo, e eu tinha, com muita alegria, escolhido o toque: "That's me in the corner, that's me in the spot (pausa) light, losing my religion...". Depois da, sei lá, décima vez do celular tocando, eu resolvi trocar de música e colocar uma que parecia de carrossel, e quando lembro dela associo a um desses filmes de terror que usa elementos infantis pra traumatizar crianças. Agora não sei se eu gostava mesmo desse toque ou se já tinha uma certa tendência a odiá-lo. Em compensação, The End of The World é o máximo, melhor ainda em Family Guy.

Sobre associações do inconsciente:

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Se estiverem falando de avião e jogarem Drummond na conversa, eu vou pensar automaticamente em Santos Dumont.

12.7.09

Discorrendo sobre a vida

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Pensamento do dia: crises existenciais não me levam muito além da fossa.

Pensamento do final de semana: se eu acreditasse que o mundo vai acabar em 2012, como os maias, os astecas e Nostradamus (que tinha umas 365 previsões pro fim do mundo) especularam, ele não fará mais sentido nenhum. Tudo perder o sentido significaria eu vagando por aí sem escovar os dentes ou pentear o cabelo, vestida com uma roupa aleatória que eventualmente federia a mim sem banho e comendo pra sempre. Portanto eu não vou acreditar que o mundo vai acabar.

Pensamento pra fugir da depressão: pensar em não pensar no sentido da vida. Pensar no sentido da vida sempre me leva ao mesmo ponto: a vida é isso aí, tem gente que vive pro dinheiro, tem gente que vive pra moda, tem gente que vive pra falar mal dos outros, tem gente que até ganha dinheiro pra falar mal dos outros publicamente. Tem gente que vive pra alguma ideologia, tem gente que acredita tanto numa coisa que vai lá e mata mais gente... e por aí vai.

Pensamento roubado: pensar enlouquece. Não pense nisso.

Pensamento do momento: porra, Corinthians, três a zero?

Pensamento pro futuro próximo: quero comprar uma camiseta pra assistir o jogo do Corinthians de quarta-feira.

Pensamento pro futuro distante: preciso ganhar dinheiro pra viajar, pra me tatuar e pra ser consumista e ajudar a acabar com o mundo.

Pensamento utópico: devo anotar minhas ideias de livro e escrevê-lo.

Pensamento em flash: esse post deve ser tão chato que acho que ninguém vai ler até o fim.

9.7.09

Caetano

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Se eu não mudar o meu jeito de existir, vou ficar com a testa enrugada como a do Caetano Veloso.
Resolvi assistir um videozinho de Sonhos depois do último post e tenho duas considerações a fazer: a primeira é que aparece a Uma Thurman caiçara no começo dele, a segunda é que o Caetano tem quatro dunas de ruga na testa que, se eu não me cuidar, vou ter também antes ficar velha. Olhei hoje no espelho e notei que quando levanto as sobrancelhas e já tenho isso bem definido, só que eu tenho dezenove anos, não setenta e meia.

Revolta

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tanta preguiça só de pensar em dar aulas de inglês no meio das férias que eu pareço não ter, ainda mais quando essa aula é pra duas senhorinhas. Não pensem em mim como professora de inglês, sim como terapeuta ocupacional.
Uma das senhorinhas é minha avó. Me diverte bastante vê-la rindo dos dvds toscos que eu levo, e me faz feliz quando ela repete quase que perfeitamente algumas frases difíceis pra alguém que tem 87 anos e problemas de memória. A outra é uma amiga dela, que fala pelos cotovelos em português, não gosta quando a aula passa de uma hora, não gosta quando eu passo algum tipo de lição, cancela uma aula a cada duas semanas e, mais que tudo, reclama do dia a dia, das amigas, da vida, da empregada. Quer aprender inglês porque o filho mora nos Estados Unidos há nove anos, mas já faz aulas há uns cinco - não comigo - e não fala "hi, how are you?" sem se complicar na hora de responder o "me too".
Eu não sou uma pessoa ruim, mesmo, mas me irrita um pouco o fato de que algumas pessoas simplesmente curtem se enganar. É fácil dizer "eu tenho dificuldade pra aprender línguas", só que, porra, quem inventou essa frase devia morrer de catapora preta e língua roxa, porque ela deve estar no top 10 clichês dos alunos que querem aprender as coisas out of nowhere. É que, na verdade, é bem claro mesmo que eu sou uma terapeuta ocupacional, porque o que eu faço poderia ter muitos nomes e o último deles seria dar aula de inglês. Prontofalei.

Mas não tem revolta, não. Só quero que você se encontre...
(Acho tão mentira essa frase no meio da música quanto acho aqui nesse post.)

6.7.09

A madrugada...

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Cria situações.
Agora sim, às cinco da matina, eu sinto que começo a envesgar de sono. E não gostei do desenho que fiz, ficou meio tosco. Mais de uma hora rabiscando. Não importa. Importa sim, era pra ficar bonito. Nunca mais uso lápis de cor.



Sobre a falta (dos outros)

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A gente não sente, até reencontrar. Na verdade, tem gente que sente. Se eu sinto, não percebo. Não que isso seja ruim, ou que faça de todos vocês, humanos ao meu redor, menos importantes na minha vida. E isso se aplica a essa saudade de gente que não se vê por muito tempo.

28.6.09

Sobre a cabeça dura:

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Uma hora ela quebra.

Acho que tem dias que simplesmente foram feitos pra não ser, e, se eu não fosse eu, eles não seriam tão... assim. Talvez se marcasse na agenda o meu período menstrual e previsse TPMs isso se resolvesse... mas, como eu não marco, não dá nem pra chamar de TPM.

25.6.09

Sobre o Mia Couto:

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Ele é genial.

Não que eu tenha lido algum dos vinte e quatro ou vinte e cinco livros dele, mas ele, quanto pessoa, é genial. E disso conclui-se que eu o conheci, é claro. Não como amigo, sim como personagem principal duma conversa no local em que eu costumava frequentar as aulas, e, teoricamente, aprender algo. Achei graça quando a amiga da minha mãe disse pro coordenador que agora eu faço Letras e ele respondeu que "talvez algo daqui tenha te marcado". Talvez os treinos de futsal e a ida ao Hopi Hari concedida às salas vencedoras do campeonato interclasses. Nada mais. Confesso que o futsal me fazia feliz.
Mas voltado ao Mia, vou dar vazão ao meu lado menininha e dizer que ele é uma gracinha. Sabe, aos dois anos ele comia com os gatos e pediu para os pais para se chamar Mia. E ainda teve a coragem de admitir que hoje não sabe mais se gosta tanto assim desse nome, e que gosta mais de cachorros.


(Caso vocês cliquem no link e se perguntem se a Livraria Cultura me pagou por isso: eu bem que gostaria. É que não gostei do resumo do Wikipédia.)

23.6.09

Sobre a mente humana:

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Ela é viciada.

Não é enlouquecedor quando você passa algum tempo jogando Tetris, Poker, War, Age of Empires, videogame, dados ou o jogo que mais te viciar, para, fecha os olhos e continua vendo as combinações deles? Eu monto impérios romanos antes de ir dormir. E nunca paro de apostar depois do poker, dando all-in em tudo. E saio dizendo "eu tenho uma trinca de dois e um seis de kicker. Duvida?" depois de jogar dados sem ter dado nenhum na mão por perto.
Quero ir na luderia. Vamos? É tão viciante jogar. Preciso jogar. É isso o que eu tenho feito na internet nas horas vagas (e olha que são muitas horas). É bom, se eu mantiver esse ritmo não vou precisar fazer exercícios pra memória quando a velhice bater - mais ou menos o que eu tenho feito com a minha avó. Hoje foi o dia de Damas. Quase uma hora depois e muitas repetições de "vó, é só no branco", "vó, só pode andar na diagonal", "vó, só dá pra andar pra frente" e "por que você andando com a minha peça, mesmo?", o jogo acabou. Mas o mais engraçado mesmo foi quando eu disse pra gente jogar jogo da velha e ela morreu de rir.

18.6.09

Que fase, mano...

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Assaltaram minha mãe à mão armada e levaram o carro, a bolsa, tudo. A paciente dela, quando saiu do carro, teve um momento desesperopavor, foi pra trás da árvore e ficou agarrada ali, com os olhos do tamanho dum prato. Ou pelo menos foi o que eu entendi da descrição da minha mãe. É sempre assim: estar na hora errada, no lugar errado. E o cara parecia o "Dolby", segundo ela. Não parecia o Sméagol? É, é, parecia mais com esse.



E tem gente que acha que precisa de polícia militar na Cidade Universitária por questões de segurança. Jura? JURA? VAI PRA PUTA QUE TE PARIU E COLOCA POLÍCIA ONDE PRECISA, PORRA.

16.6.09

Sobre o frio:

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Quero o calor.

Sobre o Feriado:

Meus dedos do pé ficaram no sítio, minhas roupas voltaram cheirando a queimado e eu, viciada em dados e Texas Hold'em. Tá na hora do sol, porque com greve dá mais preguiça de treinar.

E sobre o sono:

Perdi uma palestra com o Antônio Candido e com a Marilena Chauí. Fui dormir à meia-noite e meia e acordei à uma da tarde. É que meus ancestrais eram sedentários e grandes conhecedores da agricultura e da pesca, e tinham muito tempo ocioso, o qual gastavam muito bem dormindo. E aí, fiquei assim.

Sobre ser tímida

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Pro cobrador: Me avisa quando chegar o Mackenzie?
É no próximo ponto, e faz um movimento de cambalhota no ar com o dedo.
Dá uma batida no peito do menino: É no próximo, e faz um movimento de cambalhota dupla no ar com o dedo. Não esse, o próximo.
Estica o braço, o menino olha. Recolhe o braço.
- Er... o Mackenzie, é no próximo ponto. (E a voz quase para no fundo da garganta.)
- 'Brigado.
- De nada.

É assim: ensaia-se uma fala umas três vezes e fala outra diferente na hora, nada corre conforme o planejado e a voz, quando sai, sai mal. Mas tudo bem, nada que terapia a vida inteira não seja capaz de resolver.

10.6.09

Mais relatos de um babaca

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Tem gente que não combina com o apelido que se dá, né? Acho que Debbie não cabe em ninguém, mas se ninguém tivesse que ter cara de alguma coisa, pra mim seria uma menina meiga do sorriso falso. 

Flávia

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Debbie veio até mim e disse c'mon babe, what are you waiting for?, ao que eu respondi you to come along e nós fomos direto pro balcão tomar todas até eu não aguentar mais aquele sorriso de mentira com dente de batom e ir embora. Podia ter sido tudo aquilo que eu febrilmente ensaiei na minha cabeça: ela vindo até mim, o diálogo, o álcool e o sexo. Era só ficar de boca fechada. De uma forma ou outra, é o que todo o homem deseja. 

João

8.6.09

Herpes fromhellus

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Tentei me desenhar pra ilustrar minha herpes, mas essa coisa de desenhar si próprio nunca dá certo, portanto não tentem me visualizar. 
Não pedi pra Amanda fazer, porque desenhar herpes requer um pouco de maldade. Tá ali, no cantinho da boca. Onde mexe quando você abre a boca pra comer, beber, falar. É de foder. Vou passar os próximos dias abrindo a boca só pra reclamar. Coitada da Amanda. 



4.6.09

Tô esperando...

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... pela inspiração da minha ilustradora pra postar meus textos. Aliás, esqueci de discorrer sobre o assunto aqui, mas é isso mesmo: agora teremos Amanda Spadotto ilustrando os posts. Uma pequena leitora  me contou que gostaria de ver ilustrado o post dos bichos. 
E já que esse post é pra vocês, meus fiéis leitores pouco existentes, gostaria de informar ao leitor de número 500 que não pagarei nem uma cerveja enquanto ele insistir em sair com minha irmã e não tiver a dignidade de passar na minha casa pra me dar oi. 

Chega de me achar estrela.

27.5.09

Se eu fosse marketeira...

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Diria que o visitante de número 500 deveria dar Print Screen e mandar a imagem pro meu e-mail se quisesse receber um prêmio legal e tentador. Ou desses egocêntricos, tipo um livro meu que eu não escrevi. Ou um beijo. Ou um número na rifa de mim mesma. Ou uma torradeira. 

Mas eu não sou. TCHAU.

25.5.09

Lavoisier

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Me mandaram fazer cocô no jornal, que nem cachorro. Há alguns dias meu estômago - ou sei lá que outro órgão - tem feito barulhos estranhos e doído, e minha mãe, que não se conforma com o fato de eu ter virado uma magricela em tão pouco tempo, cismou que é bicho. Então me mandaram fazer cocô no jornal e catar com a pazinha. Quatro é um bom número. Quatro já é suficiente. Obediente, peguei o potinho de cagar no laboratório após fazer exame de sangue, - porque minha mãe não se conforma com eu ter virado uma magricela e não ter nenhuma disfunção hormonal, ou, pelo menos, uma anemiazinha, - vim pra casa, quebrei o jejum e fiz cocô no jornal, que nem cachorro. Na verdade, prendi o jornal com a tampa da privada (aquela que é um aro), afundei ele um pouquinho pro feitiço não virar contra o feiticeiro e, como dizia, obedientemente fiz cocô no jornal. Foi quase a mesma coisa que fazer na água, mas ao invés de tchploc-tchibum fez pof pof pof. Voltei ao laboratório, enfrentei quarenta minutos de fila só pra entregar um cocô dentro dum ponte com conservantes de cocô, li várias páginas de Fun Home, recomendo veemente, e fui entregar o cocô no pote pra mulherzinha. Oi, vim entregar uma coleta. Qual seu nome? Flávia Onaga. Coleta de quê? Fezes. Entrega de dejetos, escreveu no computador. Vestiu uma luva. Entreguei o pote de cocô com cocô dentro e fui recebida com a mesma cara que provavelmente seria se entregasse o cocô de mão pra mão. Até olhei duas vezes pro pote pra ver se estava tampado e percebi que o fecho do pote não era dos melhores, porque o rótulo de "exame de fezes" tava meio molhado de conservante com cocô, possivelmente cocô com bichos. Tchau, boa tarde. 

19.5.09

Eco

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Preciso anotar essa ideia. Preciso. Preciso. Não se vá, ideia! Você não tem mais acento, mas mesmo assim eu te sustento. Ideia, panaceia, pauliceia, crimeia, odisseia, ninguém tem acento. (Assim fica fácil dizer que tá por dentro do novo acordo ortográfico, hein?)
Francamente, o que te vem à mente quando você mente? Ira somente? Ou você só mente? Mas que pobreza de rimas que nada são além da crua repetição. Mas, pra fins burocráticos da gente, precisava-se registrar.

15.5.09

Na rua

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A velhinha se escondendo do sol queima-couro à sombra do poste e não era nem no ponto do ônibus. A velhinha carregando capenga a casa inteira dentro de uma sacola de feira. A velhinha das marcas cravadas no rosto. Do sol, da idade, da vida. Do padrasto alcoólatra em 1943. E do marido alcoólatra naquela noite de 1983 que o ferro quentinho ficou em cima da mesa depois de terminar as roupas. A velhinha do rasgo que a chinela fez entre os dedos do pé. Arrasta, arrasta, arrasta e com a terra desgasta a pele que resta. A velhinha corcunda porque não há mais nada pra se ver adiante.



Ilustração por Amanda Spadotto

WHY, GOD, WHY?

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Não era segredo pra ninguém, mas não quer dizer que tava escarrado pra todo o mundo. Há mais coisas entre o céu e a terra do que eu gostaria que você soubesse, portanto, vou te mimetizar dentro de cinco, quatro, três... 

Que vontade de me esconder debaixo das cobertas pra sempre. E de fazer tempestade em copo d'água. Cabrum. Chuá. Acho que gente demais no mundo sabe que eu sou gay, então, gente, a partir de hoje eu sou hétero e reacionária, e se vocês saírem dizendo por aí que não, sou sapatão, eu vou negar. 

Peguei vocês.

10.5.09

Jaú x Augusta

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Roubaram as provas de um professor. Um professor do quinto ano do curso de Direito. Não se sabe como, mas sim que foi um aluno. Dentro de um curso em que se passa dez semestres estudando leis e ética, do qual espera-se que saiam futuros juízes, advogados, promotores ou até mesmo professores - de Direito, é claro. 

Espera-se de todo e qualquer ser humano que conviva em sociedade que este aja de acordo tanto com as leis da justiça quanto com um código da ética, - não que um não esteja diretamente ligado ao outro- enfim, responsabilidade. Que não mate, não roube, etc. Ou que não sacaneie o amiguinho do lado. Esse tipo de coisa. 

É mais ou menos grave do que um arquiteto, por exemplo, um aluno de Direito não ter ética? Ou do que um historiador? Ou do que um filósofo, um engenheiro, um economista, um mendigo? Todos deveriam ter ética. Absolutamente. Mas se você me perguntar, eu acho mais grave um futuro qualquer coisa da Justiça não a ter. 

E você? 

9.5.09

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Ô, tristeza. Quero chorar. Minha TPM é TÃO clichê. Olho pro meu armário e me dá vontade de sair correndo e comprar roupas novas. Aí lembro que já tá na hora de fazer o bigode, o que me faz lembrar que preciso dar um jeito no meu cabelo, o que também me lembra que não dou as caras na depiladora há um tempo. Vou passar a gilete em todos os pelos do meu corpo e jau.  

É HOJE que eu subo pelas paredes e saio pelada pra rua dançando capoeira. 

6.5.09

You know that statue...

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Ahh, mas me irritam dum tamanho essas pessoas que se dão o direito de distribuir sermões aleatoriamente. Com um zibilhão de trabalhos agora no final do semestre, uma montanha de textos para ler e, de quebra, algumas provas também, a última coisa que eu preciso agora é alguem me dizendo o que eu tenho que fazer. OH, PLEASE: eu sei muito bem. E se eu me ferrei agora por ter deixado essas coisas acumularem, cabe a mim - e só a mim - julgar o motivo pelo qual elas se acumularam. 

Pra alguém que queria fazer mais e falar menos, eu me saio uma boa sagitariana. 
... Cabeça dura.

27.4.09

Tiro no escuro

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Se te espeto nas costelas é pra você pular, mas se nem assim você reage, eu peço com jeitinho. Com jeito você não gosta. Então como? A não-resposta é um tiro no cu de angustiante. Eu sou assim, você também. A gente não muda, mesmo assim ainda não morreu por tentar. 
Falar demais é um tiro no dente, você abre a boca pra tirar a roupa pro vento oeste e não quer se arrepiar. É ir pra trás vidro da bienal e achar que não vão te analisar. E depois ter que sorrir com um buraco na boca. Mesmo assim, ainda não morri por me expor. 
É assim que funciona: eu falo, você responde. Quando você não responde eu só falo. E na verdade eu não ligo pro fato de monologar, mas é que a insegurança de não saber o que você pensa me come por dentro. De falar sem parar um monte de coisas e você não concordar com uma sequer. Mas você sempre concorda. E eu não duvido. É só que... de vez em quando eu preciso ouvir. 
Falar é um tiro no mamilo porque você se contradiz o tempo todo, por mais mestre da retórica que você pense ser.

Foda-se. E quer saber? 


Vou te roubar, sumir do mundo e trancar num quartinho sem janelas nem luz pra ter você só pra mim. Não dividir nem com o sol, nem com os vizinhos, nem com o voyer do prédio lá longe. Ninguém. No escuro, porque o seu rosto eu vejo até de olhos fechados. 


24.4.09

Sentimental

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Alguns dias... eu simplesmente acordo fadada a me sentir triste. É só olhar pra alguma coisa que tenha uma lasca de história infeliz que meus olhos já transbordam e eu tenho que me conter. O problema é que raramente é por algo muito sério e profundo - é tipo olhar o bombom ruim inerte sobre a mesa, rejeitado por mim. Eu não o quis, nem minha mãe, e foi a avó de um paciente dela quem fez pra ganhar um extra cash. Não que não haja tristeza absoluta por trás disso, mas se for chorar por todo o mundo que tenta algo e não dá muito certo, ou pela puta pegou aids enquanto eu escrevo esse post, vou morrer desidratada. 

19.4.09

Dilemas e deveres

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Certo e errado, correto e incorreto. Uma pilha de coisas a fazer e a resolver. Quero tudo no meu tempo, mas o tempo não para pra mim. Não é tão errado assim achar que eu consigo acompanhar as coisas por fazê-las quando eu melhor julgar conveniente. Deve? ... Um pouco. Eu não sou muito adaptável. Só quando já é tendencioso, aí não chama mais adaptação. Pra mim, adaptação pressupõe sofrimentos no meio do caminho. Enfim.
Domingo não é dia de filosofia barata. Jogo às 16h, é só o que importa. E que eu tô na frente do computador de pijama ao invés de ajudar a humanidade ou de tomar banho. Minha mãe ainda me mata. 




11.4.09

There's a staaarmaaan

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... waiting in the skyyyy...


Não são os outros que me distraem ou a comida que fica pronta ou o banho que eu tenho que tomar agora ou a cadeira que tá ruim ou a mesa que tá bamba ou o Wall-e olhando pra mim ou a música que atrapalham e não me deixam fazer o trabalho. Penso que é uma condição do ser humano sentar para trabalhar e se envolver com os demais objetos dispostos ao seu redor. Deve ser chata demais essa objetividade de sentar na mesa, em frente ao computador ou onde quer que se trabalhe e simplesmente fazer o que se deve fazer. Digo "deve" porque nunca o fiz, portanto não posso categoricamente afirmar. Por que fazer o trabalho em dez horas, sendo que posso fazê-lo em vinte e que três e treze delas serão de puro auto divertimento, criatividade e expressão do meu eu interior para comigo mesma? Ainda tenho mais de setenta e duas horas pra terminá-lo, não há pressa. É assim que eu produzo o melhor de mim, que me vem aquela palavra-chave que faltava pra terminar a questão do jeito que eu queria. Isso porque estou num bom momento de vida, feliz comigo mesma e com aquilo, aqueles - e aquela - ao meu redor e me suporto por umas tantas horas no meio da minha consciência, dos meus pertences, dos meus desenhos, etc.
Creio também que o contato com textos auto afirmativos, prolixos e enrolados suscitam em nós, leitores, a inconsciente vontade de reproduzi-los à nossa maneira. De qualquer forma, sinto que é tarde e que deveria partir-me. Guardarei o resto da minha chatice pro meu travesseiro.
Queria poder controlar os fenômenos do meu corpo e não menstruar mais até o ano que vem (sem que isso repercuta algum dia na minha integridade física).
Ah! Acabei de perceber uma segunda voz muito engraçada e robótica na Big Mouth Strikes Again dos Smiths sempre que ele canta"Big Mouth, larararaw...". Na verdade começa no começo, no "now I know how Joana D'Arc felt...". Reparem nisso. A música jamais será a mesma. Frutos de uma solitária madrugada produtiva na frente do computador corroborando a escoliose.




3.4.09

Relatos de um babaca III

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- Você, terminou o namoro?
- Não que isso devesse mudar em alguma coisa a sua vida.
- Mas e aquela história de felizes para sempre? Não era o seu o melhor namoro do mundo?
- Era, até não ser mais.
- E quando deixou de ser?
- Quando os trejeitos dele começaram a me irritar.
- Só isso?
- Você acha que é só?
- Acho.
- Isso é a maior evidência de que a paixão acabou.
- E quanto ao amor?
- Ainda existe.
- Duvido.
- É verdade.
- Prova.
- Não tenho que provar nada pra você.
- Tudo bem. Vou continuar duvidando.
- Vai se foder.
Silêncio. Mais um Claudionor, barméin.
- É claro que ainda existe amor.
- Ahã.
- Você tá fazendo isso só pra me irritar, eu sei.
- Não. Eu simplesmente não acredito. Existe? Onde?
- Eu sinto.
- Não sente, não.
- Sinto aqui dentro de mim.
- Sente vontade de encontrar com ele?
- Agora, nesse exato momento?
- É.
- Não.
- Então. Acabou.
- Reducionista.
- Sente falta dele?
- Diariamente. Quando percebo que ninguém depende de mim pra fazer coisa alguma. Que vou sair do trabalho e ir direito pra casa. E que não tem ninguém esperando o telefone tocar por minha causa.
- Isso é falta de um compromisso.
- Que ninguém vai discordar do filme que eu aluguei.
- Solidão.
- Quando percebo que li todos aqueles livros que pretendia ter lido nos últimos tempos em menos de três meses.
- Bem-vinda à liberdade, gata.
- Sua liberdade se resume a uma mesa de bar.
- E à falta de satisfações.
- E ao seu umbiguismo.
- Não é bom ter todos os seus copos, pratos e talheres fora do armário aumentando a pilha da louça sem ninguém pra ralhar com você?
- De certa forma, sim.
- E usar o guardanapo até o fim depois que acabou o papel higiênico?
- Hmm.
- Ouvir música de madrugada de portas abertas e ninguém acordar?
- É ótimo.
- Eu sei.
- Agora você vai dizer que minha vida girava em torno dele.
- Não será diferente com o próximo, gata.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Faz parte de você.
- Tanto faz, o próximo demorará a vir. Quero curtir minha liberdade.
- Um brinde. - Tlin. - A quinze minutos daqui tem um whisky 15 anos ansiosamente esperando por você pra ser aberto. Vamos pra minha casa.

28.3.09

Eu...

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Ia publicar aqui o e-mail que mandei pro meu pai dizendo tudo o que o tempo me permite dizer, mas não vem ao caso.
E chega pensar que sou vagabunda por ter 19 anos, jogar futebol e não trabalhar. Eu só quero a paz de poder fazer as minhas coisas sem me sentir culpada por não fazer outras. É assim, tenho 19 anos e tô começando a descobrir o que quero fazer da vida. Não vou trabalhar de lojista só porque dá dinheiro e é uma ocupação. Comércio é o ramo mais ingrato com o qual se pode trabalhar, você vê com olhos crus uma locadora fechando o caixa com seis mil reais enquanto o seu salário é de seiscentos em trinta dias. É uma loja, não uma cooperativa, e tem um patrão escroto que não fala nem oi ganhando nas costas dos funcionários. Aí exploração dói mais.

23.3.09

Relatos de um babaca II

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Uma mão tocou o ombro direito, um rosto apareceu pelo esquerdo cumprimentando olá e um olhar oblíquo se afastando. E o Claudionor se acabando em cima do balcão. Não seriam necessários mais do que um sorriso e uma troca de olhares para que me acompanhasse até ela.

Um não-sorriso. Seguido de um olhar longo e verde. Barméin, marca mais um.

O outro lado do bar era mais claro, um bom pretexto pra apertar os olhos e chegar de cara feia já falando qualquer coisa. Nesses locais de teto baixo e onde a luz forte vem de cima a franja é um bom abrigo. Já os desprovidos de, esprimem os olhos e deixam a testa brilhar. Testa brilhante é brocha. Abaixei a cabeça e vesti a minha personagem também, olhando de canto quando melhor me convinha.
Claudionor ardia-me os lábios, e as ondas de calor, cada vez mais percepíveis, subiam até a orelha. Sentia o suor fazer cócegas nas costelas. O pouco diálogo presente era curto e vago, pra não comprometer a ebridez. E a mim.
Esses pubs ingleses made in Brazil deveriam funcionar só em dias frios... Mas eu bem sabia que meu calor nada tinha a ver com o pub - ou com o Claudionor.

22.3.09

Sobre o nome

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Prometo que é o último blog que eu crio. Para aqueles que estão cansados de me ver mudando de endereço: prometo ser o último. Para aqueles que não fazem a menor idéia do que eu estou falando, só me lembrem de não criar outro blog. Não nesse ano. Me lembrem de postar pelo menos uma vez por semana. Ou de que eu tenho um blog.
Ouviram, fiéis inexistentes leitores? Prometo ser o último blog que eu crio. Mas vocês sabem (ou, se não sabiam, saibam agora): promessa virtual é politicagem. (Fill in the blanks.)

20.3.09

Cabufpt

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Assim, sem aviso prévio.

Bom dia, já é segunda-feira (vagueando e apagando a lousa) e eu espero que vocês tenham tido um 'celente fim de semana, com prazeres carnais, intelectuais e gastronômicos. Se você não teve, se fudeu, vai ter que esperar o próximo. E se eu lembrasse onde a gente parou a última aula eu falava. Deixa eu adivinhar... Eu falei do Machado de Sassis na última aula? Não? Então já sei onde eu parei.

Acerca de cinquenta por cento do meu acervo piadístico humorístico babaquístico foi absorvido via osmose durante os cinquenta minutos matinais que me faziam levantar da cama pra mais um dia de muitas aulas durante o ano passado, e setenta e cinco por cento da minha musculação abdominal anual aconteceu involuntariamente nesses minutos.
Só porque eu queria lembrar de todas tiradas agora não lembro de nenhuma. Mais pra baixo do que cu de cachorro sentado.
... E foi lá um ataque cardíaco e bum. Não vou conseguir lembrar sozinha. Voltaí e me conta de novo, vai.

18.3.09

Casa Verde

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Eu sou aquela que não sabe se quer ou se não quer, se lê ou se escreve, se é a academia de letras ou de esportes. Eu sou aquela que não sabe se sublima ou se subestima. Que não é fã nem dã nem pan porque é sã. Pan de paulistano, pã. Que não sabe se prefere van ou tam. Que distorce, mas depois torce e se contorce. Eu quero mais do que não quero. Na verdade eu não me importo em querer porque quero bem. Eu quero querer mesmo já querendo e quero que queiram. Mas eu queria saber o que quero. Eu tenho ânsia. De ônibus e de tempo. De momento. Eu sou aquela que não sabe se mostra ou se esconde. (O próprio texto.) Que não sabe se dorme ou se acorda, se pára ou se ainda escreve.
Eu sou o que sou. Dentro da minha indecisão. Ou fora.

Relatos de um babaca

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As coisas já se embaralhavam quando ela sentou à minha mesa. Logo em seguida, Paulo se foi. Ou essa foi minha impressão. Depois da quinta cachaça fica mais difícil distinguir o tempo real do relativo. Quinta, sexta. Claudionor torna a contagem ainda mais difícil. Tanto faz. Enquanto isso, Maria falava da vida, pulando alguns detalhes e se detendo em outros, de acordo com o movimento dos meus olhos e minha inquietude na cadeira. As pessoas passavam ao fundo falando coisas mais interessantes do que o novo namorado dela. A menina de roxo situava a outra com palavras surpreendentemente rápidas sobre o rapaz que cruzava o bar e agora passava por elas pra pegar outra cerveja enquanto a amiga comentava que estava frio e ela de repente sentia vontade de outra cerveja. Impressionante a necessidade que as mulheres sentem de falar sobre suas trepadas em frente aos ex-namorados pra ver se eles sentem ciúmes. Garçom bom é aquele que vê que a gente tá entediado e traz mais bebida. A saideira. Dei um gole, ela virou o resto e aceitou minha carona.
Maria era uma mesa. Um cão. Uma vaca. Ou qualquer outra coisa sustentada por quatro pernas. Ou uma galinha, agora num sentido mais pejorativo e menos estético. Maria era o que eu quisesse, e teria o nome que eu desse. Menos Paula, Adriana, Luíza, Carla, etc. Era uma mesa de sinuca, esperando a próxima tacada pra poder mexer nas bolas num só estouro. E assim ela fez, apagando-me em seguida com rádio-relógio da cabeceira pra depois terminar a vingança com o batom. O rádio-relógio teve conserto. Eu, nunca.