5.11.10

Cavalo selvagem

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Já não lembro mais qual foi a primeira vez que algum membro do meu corpo foi imobilizado, mas sei que demorou pra me acostumar. Já não me lembro mais da primeira vez que usei calça jeans, mas sei que tive que vontade de tirá-la desde o primeiro instante. Não me lembro mais da primeira vez que usei uma blusa curta ao invés de uma camiseta, mas sei que me pareceu justa demais. Nem da primeira vez que usei um shorts ao invés de bermuda, mas sei que me pareceu justo demais.
Poderia contar nos dedos de uma minha mão só a quantidade de vezes que calcei uma sandália de mocinha ao invés de tênis, chuteira ou havaiana. Sei que o número de acessórios anexado a mim nunca será superior ao número de dedos da minha mão (que tem cinco.) E poderia contar nos dedos de uma mão amputada a quantidade de vezes que me vesti conforme manda o manual de bons modos para moças da elite em grandes festas.

E isso tudo me remete à imagem de um cavalo selvagem. Meu incômodo, irritação e vontade de arrancar tudo. O cavalo selado que quer se livrar da sela a qualquer custo. E foi assim com o gesso que colocaram no meu braço semana passada para evitar que meu dedão lesionado se mexesse.

Mas é só uma questão de tempo até que o cavalo selvagem seja domado. O gesso foi só por três dias, mas a imagem do cavalo se repetiu por longas 72 horas. Hoje eu uso calça jeans volutariamente.