31.7.09

Endoscopia

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Tava com medinho, deitei na maca, o médico começou a me fazer perguntas, fui respondendo, a enfermeira espetou uma agulha no meu braço, doeu, me embaralhei nas respostas logo em seguida, percebi, não falei o que queria e me enrolei no que dizia, o médico levantou da cadeira e ficou em pé ao meu lado. Falaram alguma coisa, me levantaram da maca (devia ser a mesma enfermeira), saí andando não sei praonde com o corpo pesado, vou jogar meu peso na enfermeira. Aparece uma coisa vermelha e fala alguma coisa, se curva, é a Amanda, fico feliz, lembro que ela tava de suéter vermelho, luto contra o sono e a leseira, penso que provo estar bem por conseguir conversar, ela tenta ler um livro, aparece minha mãe, fala alguma coisa sobre ser desnaturada e chegar tarde. "Quem me cobriu com meu casaco?", ouço o cara do quarto ao lado dizer que tem festa à noite e alguma coisa sobre beber, minha mãe começa a falar qualquer coisa, vou dormir, dormi, acordei. "Tô com sede", alguém ronca no outro quarto, falo mais um pouco, alguém diz pra gente ir comer, "acho que ainda não tô bem", levanto, mais um rolê e a gente consegue sair da clínica.
Depois elas me disseram que eu não parava de falar, que não queria dormir, que perguntei um monte de vezes quem tinha me coberto com o casaco e que queria água. A Amanda disse que quando chegou no quarto eu tava lutando pra ficar de olhos abertos e meio bamba na cadeira. (A imitação me fez sentir um pouco de vergonha porque, pensando agora, eu devia estar bem débil.) Minha mãe falou que, se dependesse de mim, ficaríamos lá mais umas duas horas, até eu parar de falar e e começar a dormir. Lembrando agora, acho graça quando pensei "vou jogar meu peso na enfermeira". Na hora acreditei piamente estar sacaneando a mulher, mas agora duvido muito que eu fosse capaz de andar mais por minhas pernas, menos pelas dela.

30.7.09

Sobre a minha impressão (do mundo):

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As gerações mais antigas de seres humanos tendem a criticar as gerações posteriores a eles. É difícil criticar quem nos precede, a gente sempre tem a impressão de que não sabe tanto quanto eles. Mas alguma coisa dá pra criticar. Por exemplo, no que diz respeito a... mudanças. As pessoas mudam. Não dá pra esperar que minha irmã de quatro anos seja igual a mim daqui a quinze, porque ela simplesmente não vai ser. Ela nasceu com um computador dentro de casa e internet. Ela já nasceu com cd, dvd, mp3 e câmera digital. Não dá pra esperar que ela, daqui a quinze anos, funcione igual a mim hoje. Bem como não dá pra esperar que eu seja igual a alguém dez anos mais velho do que eu em termos de, digamos, tecnologia. Ou que eu goste mais do Jaspion Changeman do que do Power Rangers. Eu sei que Power Rangers é a cópia do Jaspion Changeman, mas, pra mim Jaspion e Changeman sempre serão toscos.

Sabe quando você quer falar mal de uma coisa, mas não quer usar nomes? En-tão.



Jaspion: acho tosco e pronto.



Changeman: consegue ser mais tosco que Power Rangers.



E tinha o bonequinho do vermelho. (Era de chumbo, ferro, sei lá.)

Confesso que tive que editar o post porque confundi Jaspion com Changeman. É tudo farinha do mesmo saco, não é?

27.7.09

Sobre escrever um livro:

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Antes que eu escreva... Alguém quer me publicar?

E sobre o livro em si:


Na verdade, são dois. Um deles não tem roteiro, mas já tem coisas escritas. Personagens aleatórias que se intercruzam durante o livro.
O outro, sobre uma menina que tá brincando de polícia e ladrão no sítio quando percebe que ficou presa num aposento subterrâneo dentro da tulha (esse link é pra você, urbanóide que não sabe que tulha chama tulha). Por que caralhos tinha um aposento subterrâneo numa tulha não se sabe. Mas tinha, e, ainda que alguém a alimente naquele lugar, ela precisa sair.

Quem vai ler?

Crise do momento

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Quero ser rica pra não ter que estudar pra tentar conseguir algum trabalho que me explore um pouco menos do que esses não-qualificados. Na verdade, quero só não ter que estudar. Letras é muito chato, pelo amor de deus. Mas dizem que o primeiro ano é o pior, né? Então vamos passar do primeiro ano.
Tenho medo de ser uma dessas pessoas que nunca tá feliz com nada. Deve ser um saco pra quem tá perto de mim ouvir minhas crises o tempo todo. Mas - gosh, Letras é muito chato. Discordo de todos os textos de Literários que teorizam o que se passava pela cabeça de um poeta enquanto ele escrevia o poema ou sobre o que se faz com que o poeta escreva poeticamente, sei lá. Me acabei nas aulas de Introdução aos Estudos da Língua Portuguesa, que na verdade era Filologia Românica, e aqueles textos sobre o Latim Vulgar, o Latim Clássico e o cacete a quatro. Não entendo uma pica dos textos de Jakobson ou de Chomsky. E Clássicos? Ah, Clássicos é legal, mas não tem como ficar acordada a aula inteira.
Não consigo sentar pra ler um texto teórico sem ficar puta da vida. Injuriada mesmo. Existem dois tipos de gente: as que fazem e as que estudam. Não que as pessoas que estudam não sejam capazes de fazer, ou que as que fazem não sejam capazes de estudar, mas existe uma preferência por uma das duas tarefas. Eu gosto de saber, não de estudar. Estudar me mata. Estudar faz mal pra minha cabeça, pro meu coração e pra minha alma. Será que eu preciso mudar de faculdade? Hahahah...

21.7.09

Queria

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Escrever alguma coisa engraçada aqui, o problema é que não tem graça alguma acordar às seis da manhã.

Sabe o que é engraçado? A propaganda da Polishop de uma vassoura com um sistema parecido com essas vassourinhas bonitinhas de limpar mesa (só que do tamanho duma vassoura normal e com bateria recarregável de tomada), dizendo "Cabo flexível! Não precisa abaixar nem se curvar pra limpar!", e a mulher da propaganda toda torta pra conseguir alcançar lááá embaixo da mesa. Custa só um rim de trezentos e cinquenta e nove reais e oitenta e oito centavos.



Vassourinha mágica de limpar mesa


Vassoura mágica da Polishop


Como a internet é uma fonte de diversão, na busca pela imagem perfeita de uma vassourinha de limpar mesa eu me deparei com:

1. Uma vassoura mágica "Pentagrama" pra vender, cuja imagem eu não consegui colocar aqui nem por um caralho. É a vassoura decorada mais escrota que eu já vi e ainda tão querendo cobrar dezoito reais por ela. ha-ha

2. Amanda, a vassoura mágica. O que faz criar uma vassoura mágica, chamá-la de Amanda e lançar um livro, pelamordedeus? Chamar a filha de Amanda passa, a minha namorada passa, a uva também passa, até a banana passa, mas a vassoura não.







Sai que é zica

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Tá doendo o canto da minha boca e eu desconfio seriamente que seja a herpes querendo voltar. Sai, zica, sai.

Reposição

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É para os fracos.

Eu quero aula de verdade!

18.7.09

Closer

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Eu sou tããão feliz quando revejo filmes ou releio livros que me marcaram. Pensando agora em Closer, que tá passando na AXN. Assisti ontem Harry Potter (o primeiro e o segundo) pra conseguir fazer a Amanda ir comigo no sexto, que tá em cartaz agora, e fiquei tão... feliz assistindo. Feliz feliz feliz.

Recordar é viver. (Todo o professor adora falar isso, de preferência por sadismo.)

Tchau, preciso sair. Sinuquinha. Vou me atrasar, as always.

16.7.09

Puatz

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Sou obrigada a escrever um post de emergência corrigindo o anterior, sobre aquela que costumava ser minha amiga de Itajaí, e dizer que o buraco é mais embaixo e eu esqueci. A verdade é que, em janeiro de 2007, aquela que costumava ser namorada daquela que costumava ser minha amiga de Itajaí deu uma presepada de bêbado... e o outro elemento presepante fui eu.
Um tempo depois, a ex veio morar em São Paulo, virou minha amiga (e só amiga)... mas depois de um tempo deu uma sumida do meu mundo. Sei lá, as pessoas às vezes dão uns perdidos na gente. Aí eu fiz o favor de apagá-la da minha memória. E aparentemente tudo o que vinha com ela. Fim de história. Freud ia gostar de explicar essa.

Mas continuo achando que essa coisa de desenterrar o que a gente fez há mais de dois anos é esquisita.

15.7.09

Pretérito Imperfeito

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Ontem uma amiga minha de Itajaí (sim, uma das cidades que alagaram ano passado), ou uma pessoa que costumava ser minha amiga de Itajaí me mandou um scrap no Orkut dizendo "vai lá ver meu álbum, tem uma foto muito especial!".
Antes de contar a continuação da história, sou obrigada a avisar que esse post vai ser estilo querido diário e dar um flashback lá em 2005, quando eu fiquei pela primeira vez com uma menina (essa que costumava ser minha amiga de Itajaí). Foi legal e tal, mas dois meses depois, quando eu voltei pra lá basicamente por causa dela, nos encontramos na casa de uma amiga (com pessoas que nem de longe repreenderiam o nosso relacionamento) e tomei umas 13,23 esnobadas num período de 31,17 minutos e concluí que, nada mais óbvio, ela não queria mais nada comigo. E assim, no dia seguinte, passei o rodo na amiga dela, na ausência da própria.
Muito embora eu sinta vontade de citar nomes e linkar direto nessas pessoas, não irei. Primeiro porque sou muito ética, segundo porque Itajaí é um ovo e todo o mundo tem medo de sair do armário até no blog da amiga de São Paulo que ninguém lê, terceiro porque eu não sou a Dirce.
Voltando pra 2009, vou eu ver o álbum daquela que costumava ser minha amiga de Itajaí e me encontro numa foto de 2007, segundo meus cálculos, com uns 10 quilos a mais, uma bermuda moleque, meu cabelo enrolado e curto do jeito que eu não gosto e um óculos maior que eu da época que eu caía no conto do vigário da Chilli Beans e a legenda "ela traiu minha confiança, mas eu já esqueci. hehe".

Disso se conclui que:
1) Acabei com a vida de alguém em 2005.
2) Ninguém me contou.
3) É claro que ela não esqueceu.

Moral da história: não sei. Só sei que por essa eu não esperava.

Acho que se algum dia ela ler isso daqui eu perdi de vez uma amiga de Itajaí, mas o que eu tenho a dizer em minha defesa é que podia ter demorado menos do que quatro anos pra dizer, né. Sem contar os meios.

REM

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Odeio Losing My Religion. Me faz lembrar de 2006, quando eu tava doente e um cara que eu tinha conhecido numa festa ficava me ligando pra sair e eu dizia tipo "Gato, não vai dar. Tô cuspindo meu pulmão aqui e você quer que eu vá pra balada?". Meu celular era novo, e eu tinha, com muita alegria, escolhido o toque: "That's me in the corner, that's me in the spot (pausa) light, losing my religion...". Depois da, sei lá, décima vez do celular tocando, eu resolvi trocar de música e colocar uma que parecia de carrossel, e quando lembro dela associo a um desses filmes de terror que usa elementos infantis pra traumatizar crianças. Agora não sei se eu gostava mesmo desse toque ou se já tinha uma certa tendência a odiá-lo. Em compensação, The End of The World é o máximo, melhor ainda em Family Guy.

Sobre associações do inconsciente:

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Se estiverem falando de avião e jogarem Drummond na conversa, eu vou pensar automaticamente em Santos Dumont.

12.7.09

Discorrendo sobre a vida

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Pensamento do dia: crises existenciais não me levam muito além da fossa.

Pensamento do final de semana: se eu acreditasse que o mundo vai acabar em 2012, como os maias, os astecas e Nostradamus (que tinha umas 365 previsões pro fim do mundo) especularam, ele não fará mais sentido nenhum. Tudo perder o sentido significaria eu vagando por aí sem escovar os dentes ou pentear o cabelo, vestida com uma roupa aleatória que eventualmente federia a mim sem banho e comendo pra sempre. Portanto eu não vou acreditar que o mundo vai acabar.

Pensamento pra fugir da depressão: pensar em não pensar no sentido da vida. Pensar no sentido da vida sempre me leva ao mesmo ponto: a vida é isso aí, tem gente que vive pro dinheiro, tem gente que vive pra moda, tem gente que vive pra falar mal dos outros, tem gente que até ganha dinheiro pra falar mal dos outros publicamente. Tem gente que vive pra alguma ideologia, tem gente que acredita tanto numa coisa que vai lá e mata mais gente... e por aí vai.

Pensamento roubado: pensar enlouquece. Não pense nisso.

Pensamento do momento: porra, Corinthians, três a zero?

Pensamento pro futuro próximo: quero comprar uma camiseta pra assistir o jogo do Corinthians de quarta-feira.

Pensamento pro futuro distante: preciso ganhar dinheiro pra viajar, pra me tatuar e pra ser consumista e ajudar a acabar com o mundo.

Pensamento utópico: devo anotar minhas ideias de livro e escrevê-lo.

Pensamento em flash: esse post deve ser tão chato que acho que ninguém vai ler até o fim.

9.7.09

Caetano

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Se eu não mudar o meu jeito de existir, vou ficar com a testa enrugada como a do Caetano Veloso.
Resolvi assistir um videozinho de Sonhos depois do último post e tenho duas considerações a fazer: a primeira é que aparece a Uma Thurman caiçara no começo dele, a segunda é que o Caetano tem quatro dunas de ruga na testa que, se eu não me cuidar, vou ter também antes ficar velha. Olhei hoje no espelho e notei que quando levanto as sobrancelhas e já tenho isso bem definido, só que eu tenho dezenove anos, não setenta e meia.

Revolta

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tanta preguiça só de pensar em dar aulas de inglês no meio das férias que eu pareço não ter, ainda mais quando essa aula é pra duas senhorinhas. Não pensem em mim como professora de inglês, sim como terapeuta ocupacional.
Uma das senhorinhas é minha avó. Me diverte bastante vê-la rindo dos dvds toscos que eu levo, e me faz feliz quando ela repete quase que perfeitamente algumas frases difíceis pra alguém que tem 87 anos e problemas de memória. A outra é uma amiga dela, que fala pelos cotovelos em português, não gosta quando a aula passa de uma hora, não gosta quando eu passo algum tipo de lição, cancela uma aula a cada duas semanas e, mais que tudo, reclama do dia a dia, das amigas, da vida, da empregada. Quer aprender inglês porque o filho mora nos Estados Unidos há nove anos, mas já faz aulas há uns cinco - não comigo - e não fala "hi, how are you?" sem se complicar na hora de responder o "me too".
Eu não sou uma pessoa ruim, mesmo, mas me irrita um pouco o fato de que algumas pessoas simplesmente curtem se enganar. É fácil dizer "eu tenho dificuldade pra aprender línguas", só que, porra, quem inventou essa frase devia morrer de catapora preta e língua roxa, porque ela deve estar no top 10 clichês dos alunos que querem aprender as coisas out of nowhere. É que, na verdade, é bem claro mesmo que eu sou uma terapeuta ocupacional, porque o que eu faço poderia ter muitos nomes e o último deles seria dar aula de inglês. Prontofalei.

Mas não tem revolta, não. Só quero que você se encontre...
(Acho tão mentira essa frase no meio da música quanto acho aqui nesse post.)

6.7.09

A madrugada...

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Cria situações.
Agora sim, às cinco da matina, eu sinto que começo a envesgar de sono. E não gostei do desenho que fiz, ficou meio tosco. Mais de uma hora rabiscando. Não importa. Importa sim, era pra ficar bonito. Nunca mais uso lápis de cor.



Sobre a falta (dos outros)

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A gente não sente, até reencontrar. Na verdade, tem gente que sente. Se eu sinto, não percebo. Não que isso seja ruim, ou que faça de todos vocês, humanos ao meu redor, menos importantes na minha vida. E isso se aplica a essa saudade de gente que não se vê por muito tempo.