21.9.10

Ainda sobre as manhãs

Todos os dias deveriam começar depois das dez (da manhã). Ainda é manhã, mas não é tão ruim quanto o que se entende por - manhã.
Tem dias em que eu me desperto sozinha às oito - da manhã - e tento dormir de novo porque sei que meu dia não será tão bom quanto se eu não tivesse acordado - de manhã.
Às vezes tenho vontade de desistir de tudo, e em geral isso me ocorre só porque comecei a pensar na vida - de manhã.
Sempre penso em revolucionar o mundo - pela manhã: mudo horários de estudo, de trabalho, crio dias de trinta horas, viro mendiga, mas não quero saber de existir - pela manhã. (Isso tudo naqueles cinco minutos da batalha que é botar o pé pra fora da cama.)
Algum dia vou mandar o prédio da Letras abaixo - e será numa manhã. Algum dia desses matarei algum civil inocente - só porque estaremos numa manhã.
Hitler seguramente tinha suas ideias pela manhã. Tenho certeza de que os banqueiros também têm suas ideias pela manhã. E os políticos, e os xiitas, e a Opus Dei, e toda essa gente com ideias tortas.

Mas sabe o quê? Dentro de toda essa revolução e amargura, eu darei imunidade à figura dos padeiros. Porque só comida é capaz de me fazer feliz pela manhã.