8.6.10

Lugar comum

Não é porque eu choro que eu estou triste, não é porque eu sorrio que eu estou feliz, não é porque eu corro que eu sou saudável, não é porque eu não como que eu sou magra. Nem tudo o que parece, é.

Não é porque eu não escrevo que eu não tenho ideias, nem é por falta de ideias que eu não escrevo. Queria querer um monte de coisas, queria não querer outro monte. Não sei se vou ou se fico, mas sei que se ficar agora eu não irei jamais. Não sei se trabalho pra passar o tempo, ou se deixo de trabalhar pra ver o tempo passar. Tem dias em que tudo faz sentido, mas outros em que eu não me encaixo em lugar nenhum. Qual o ponto em trabalhar, quando o que me falta pra viver não é o dinheiro, e sim a vontade? Nem é toda a hora que me falta vontade, mas quando falta, falta pela vida inteira. Então, quando eu tenho, eu me jogo. Como se não houvesse amanhã.

Tem dias em que eu me vejo sozinha com a consciência, e, nesses dias, eu penso que a vida é curta demais pra ser disperdiçada estudando como se eu fosse viver pra sempre. Mas é longa demais pra ser gasta com planos de quem vai morrer amanhã. Eu não quero ter filhos, não tenho um plano de vida longa e próspera, não sei o que é isso. Eu vou morrer algum dia. Bem como você, você e você. E é só nisso que eu consigo pensar ultimamente.

Tem dias em que eu não entendo a sociedade. Todos os outros, ela que não me entende.