14.3.10

Babaca

Era um babaca. Não se sentia um babaca, simplesmente sabia que era. Que nem tpm: quando você age de forma estranha ou irracional muitas vezes num dia só, quando tudo parece absurdo e todas as explicações plausíveis já se esgotaram, é ela: a tpm. Você simplesmente sabe. Mas é claro que o babaca não fez este paralelo, afinal, ele era um ele.
Enquanto sua mente passeava nas profundezas do que beirava o subconsciente, seu dedo fazia desenhos no copo de chopp e ele fingia prestar atenção no que ela dizia, assentindo com a cabeça e soltando desses resmungos que encorajam a pessoa a continuar falando, toda a vez que ela fazia alguma pausa. Ela era tão... nova. E tão criança. E tão precipitada e eufórica. E isso o irritava dum tamanho que dava vontade de acabar com tudo, voltar pra casa e chamar o Claudionor. Mas ele ficava. Já fazia mais de dois meses que eles estavam saindo, e ele sempre ficava. Babaca.
Talvez porque com ela as coisas fossem mais leves. Leves e sem compromisso. E talvez ele só se irritasse porque, depois de 7 anos casado com uma pessoa, deve ser difícil se adaptar a alguém que não a sua esposa. 32 anos nas costas - 7 de casamento e 1 de namoro, contra os 22 dela -4 de faculdade e 5 de balada. É, devia ser isso.

Que tal a gente pedir a conta?