31.7.09

Endoscopia

Tava com medinho, deitei na maca, o médico começou a me fazer perguntas, fui respondendo, a enfermeira espetou uma agulha no meu braço, doeu, me embaralhei nas respostas logo em seguida, percebi, não falei o que queria e me enrolei no que dizia, o médico levantou da cadeira e ficou em pé ao meu lado. Falaram alguma coisa, me levantaram da maca (devia ser a mesma enfermeira), saí andando não sei praonde com o corpo pesado, vou jogar meu peso na enfermeira. Aparece uma coisa vermelha e fala alguma coisa, se curva, é a Amanda, fico feliz, lembro que ela tava de suéter vermelho, luto contra o sono e a leseira, penso que provo estar bem por conseguir conversar, ela tenta ler um livro, aparece minha mãe, fala alguma coisa sobre ser desnaturada e chegar tarde. "Quem me cobriu com meu casaco?", ouço o cara do quarto ao lado dizer que tem festa à noite e alguma coisa sobre beber, minha mãe começa a falar qualquer coisa, vou dormir, dormi, acordei. "Tô com sede", alguém ronca no outro quarto, falo mais um pouco, alguém diz pra gente ir comer, "acho que ainda não tô bem", levanto, mais um rolê e a gente consegue sair da clínica.
Depois elas me disseram que eu não parava de falar, que não queria dormir, que perguntei um monte de vezes quem tinha me coberto com o casaco e que queria água. A Amanda disse que quando chegou no quarto eu tava lutando pra ficar de olhos abertos e meio bamba na cadeira. (A imitação me fez sentir um pouco de vergonha porque, pensando agora, eu devia estar bem débil.) Minha mãe falou que, se dependesse de mim, ficaríamos lá mais umas duas horas, até eu parar de falar e e começar a dormir. Lembrando agora, acho graça quando pensei "vou jogar meu peso na enfermeira". Na hora acreditei piamente estar sacaneando a mulher, mas agora duvido muito que eu fosse capaz de andar mais por minhas pernas, menos pelas dela.