25.4.10

Maria Bonita

Chega em casa e logo entra no banho, lava o cabelo, raspa as axilas, tira os restos de cera da depilação ainda grudados nas coxas e na virilha. Espalha o hidratante pelo corpo enquanto espera o ferro esquentar; passa a camisa amarrotada. Abre a geladeira, escolhe qualquer coisa leve o suficiente pra ter fome em 2, 37 hora e pesada o suficiente pra aguentar firme até lá e come enquanto o desodorante não - Secos & Molhados ao fundo. Olha pro celular, inerte, e uma mensagem pula, eliminando qualquer insegurança. Arruma o cabelo. Encosta no sofá, pensa na vida, volta pro mundo, rouba o perfume da irmã e dá o toque final, lápis e rímel. Canta um pouco com o rádio, pega o telefone e disca. Ninguém atende.
Pronta pra guerra, ela fica lá, Bonita, bonita e inerte, com cara de tacho e shorts de gatinha, fazendo planos pra um programa que só fora agendado na sua cabeça e se sentindo a otária mais otária da cidade.