4.5.10

Cravo e canela

Gabriela, se eu soubesse que o meu vem te cairia como vai, teria te mandando pra putaqueopariu antes, pra quem sabe você cair aqui.

Meu jogo é Texas Hold'em. Dados, no máximo. Se a sua boca me pede um tempo pra assimilar os acontecimentos, por mais que você me encare de pé e com as duas mãos apoiadas sobre a mesa, por maior que seja o seu decote e por mais que ele me tire o foco, e por mais vermelhos que seus lábios estejam de tanto você mordê-los, eu vou te olhar de volta e simplesmente dizer tudo bem. Por mais que seu corpo diga possua-me e até quem vê de longe fique embaraçado por mim, eu vou atender às suas palavras quando elas me pedem pra ir devagar.
Ruiva, se vira-tempo não fosse coisa de lunático, eu seria rei nesse teu jogo maluco. Seus cabelos-fogo agora enfeitariam meu travesseiro branco, e eu teria que ser boa pra inventar uma piada cada vez que me perguntassem por que caralhos eu não paro de sorrir a esmo. Mas eles não estão, e eu ainda estou aqui, presa em devaneios no meio da madrugada, procurando por meios de reverter gestos irreversíveis.