24.5.10

Marcinha

Não sei como é que você consegue ficar tanto tempo com esse cara. Ele é tão grosso, Marcinha, que pisa no prego e não sangra. Eu não aguentava ficar com ele daqui até o meio dia. O cara te reprime desde o bafo do seu bom dia até o meloso do seu boa noite, te ofende, te machuca. E você, que não é do tipo que leva desaforo pra casa, há treze anos se deita com o próprio desaforo, Marcinha. Poxa. Já não é câncer que ameaça, é metástase.
O que é que você tá esperando? Há muitos peixes no mar. Peixe-palhaço. Peixe-espada. Namorado. Pacu. Ah, pacu é de rio. Tem o rio também, Marcinha! Você que sabe nadar vai tirar de letra. Quem sabe até um boto te aparece. Traíra não vale. E cuidado pra não cair na da Iara, que essa não é das suas.

... Só não me volte com essas histórias de pescador aposentado.